domingo, 2 de agosto de 2009

Dos monólogos no Coletivo

"Non ridere, non lugere, neque detestari, sed intelligere"


O indivíduo na obediência cívica, sujeito ao meio social de uma urbanização como a cidade de São Paulo, bom contribuinte, de itinerário não contestado, livre, necessário, frequente, sente-se não diferente de um corpo composto em transformação por influência de outros corpos, como também um objeto transformador nesta coisa grande e viva a que chamamos sociedade. É fato a unificação do ser, em pensamento e impulso, em uma situação como a plataforma da Sé às seis horas da tarde. É unicelular, é protista. Em consequência, a ameaça à individualidade da opinião, a mediocridade e o estereótipo das pessoas nestes acúmulos em um lugar-comum, ao qual a crítica, a crônica e a prosa formam um ponto socio-literário singular, não classificado, não produtivo, não elaborado, não interessante e demasiadamente não democrático. Não associar-me ao meio público por repugnância ao fétido, ao não civilizado, ao não profissional, ao que não é poesia vinda de vendilhões e pedintes, ao contato não desejado, ao resmungo, ao desigual, ao absurdo, ao meu próprio pensamento. E o indivíduo, portanto, não existe na sociedade como indivíduo sem impedir que outros o integre, observem-no, persuasam-no. Sem repudiar o excesso de benção, a trágica andança, a boa vontade, o ponto de vista, a moeda no bolso, a cabeça no ombro, a carona oferta, o banco cedido, o assédio, o interlocutor passivo, as idéias de melhoria. Não adianta, não adianta. É preciso aceitar a cidadania.