quarta-feira, 29 de julho de 2009

Do teatro dos Cronistas

O medo é a canção de ninar no escuro dos solitários. Tristeza natural e mórbida refletida da ribalta. Lição. Iniciação. Dos velhos porque sentem perder os sentidos de uma vida inteira, os filhos, a família. Das crianças, a distância dos pais. Do soldado, a tricheira inimiga, a dívida do mês. Mais verdadeiro e triste que o amor quando triste e verdadeiro, porém ameaçadores em conjunta igualdade, adoecem, preservam, abandonam-no. A casca a ser perdida ou recomposta. Subterfúgio para sentir ternura, importância, alguém. Não ser escutado o cicio e o choro embaixo da coberta. Dormir para não participar da vida. À vida, à vida. De intempéries e clandestinidades, somos movidos e manipulados, e ainda assim, descontentes, dedicamos tudo à vida. L'enfer, c'est les autres.
À vida damos tramela, certificamos familiaridade, unimos os próximos, encarceramos os tortos e abdicamos a miséria com pá, terra e caixão. A morte é também miséria. A derradeira. E cordiais os assassínios que tirarem a dor amarga e multípla dos meu órgãos. E ao homem que criar meus filhos e respeitar meus vizinhos na casa que lhe deixei, o louvor das chuvas na plantação. Tereis paciência ao final do espetáculo, vanguarda na velhice. E digno ao homem, o teu medo lhe seja.

Um comentário:

  1. eu gostei muito do seu pensamento, pq exp~es extamanete a realidade.
    parabéns, me orgulho muito do seu modo de vera vida e lir com ela.
    sucesso própero

    ResponderExcluir